Astecas: Da Origem ao Magnífico
Império
Estudos mais recentes apontam que a marcha asteca em direção ao Vale do México tenha se iniciado por volta do ano de 1168. Originários de Aztlan - região possivelmente localizada a noroeste do México ou sul dos atuais Estados Unidos, o que gera discussões entre os historiadores de diferentes épocas, pois não há um consenso entre eles, nem documentos que provem com exatidão a localização de Aztlan- e dirigindo-se para o sul, em direção a cidade de Tula, os astecas, por diversas vezes se encontraram com outros povos, que seguiam o mesmo fluxo migratório. Essa marcha duraria cerca de um século, e durante esse período, os astecas se estabeleceram em vários locais por determinados períodos, fosse por meios pacíficos ou mesmo por guerras. Nesse período, eles assimilaram uma série de costumes ligados a religião e a cultura, assim como variadas técnicas de cultivo do milho. Durante esse período, há poucos registros, porém alguns manuscritos indígenas retratam a marcha sendo guiada e chefiada pela classe sacerdotal.
Após conflitos com chefes locais, os astecas se refugiaram nas ilhas da região
pantanosa a oeste do grande lago. Segundo reza a lenda e a tradição asteca, foi
ali que em 1325, Uitzilopochtli falou ao grande sacerdote Quauhcoatl que seu
templo e sua cidade deveriam ser construídos "em meio ao bambuzal'', sobre
uma ilha rochosa na qual se veria "uma águia devorando alegremente uma
serpente". Como mostram as antigas pigtografias, os astecas levavam uma
vida sobre a água e sobreviviam graças a pesca e à caça de pássaros aquáticos,
sendo a região escassa em matérias primas. Viviam em pequenas aldeias que
estendiam-se sobre as pequenas ilhas. Em 1428, morre assassinado Chimalpopoca,
o terceiro rei Asteca. Com sua morte, assume o trono o Rei Itzcoatl. Ele
alia-se ao príncipe Nezaualcoyotl, herdeiro do trono de Texcoco, invade e
destrói a cidade de Azcapotzalco, pondo fim a submissão das duas cidades. Além
disso, alia se a Tlacopan, uma cidade da tribo de Azcapotzalco. Essa Tríplice
Aliança, é na verdade, o embrião do Império Asteca (Tríplice Aliança). A cidade
de Tenochtitlán passa a ser o centro do poder militar, enquanto Texcoco
torna-se a metrópole das artes, literatura e do direito.
Em 1440, o soberano asteca Itzcoatl morre, quando a Tríplice Aliança
(Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopan) já dominava todo o vale central. Após sua
morte, cinco soberanos exerceriam o poder até a invasão dos espanhóis em 1519.
A morte de Nezaualcoyot em 1472, abriu o caminho para reforçar o poder de
Tenochtitlán em detrimento das outras cidades da aliança o que tornou seu
soberano Imperador do México, e os outros reis, seus simples vassalos. As
conquistas geraram uma grande expansão nas fronteiras astecas, seja a norte, a
oeste costeando todo o litoral do Golfo, a sudeste, as montanhas mixtecas e os
vales zapotecas, ao sul chegando até o litoral do pacífico.
A civilização Asteca viveu seu apogeu no
reinado de Montezuma II (ou Moctezoma II), quando a população do Império chegou
a 25 milhões de habitantes, distribuídos em 38 províncias e centenas de cidades
e aldeias.
Tenochtitlán: A Veneza do Novo Mundo
Quando os primeiros exploradores espanhóis desembarcaram na
região, e chegaram até a cidade de Tenochtitlan, a principal cidade Asteca,
estes ficaram maravilhados com os feitos da engenharia asteca. Palácios,
templos e pirâmides cerimoniais, aquedutos, diques e o melhor: uma cidade
cortada por canais, emersa em um lago. As comparações foram inevitáveis, e os
espanhóis consideraram “a Veneza do novo mundo”.
Porém é importante lembrarmos, que as condições do terreno não eram as mais
propícias para a construção. Tratava-se de uma região pantanosa, o que gerava
instabilidade para as construções. Para isso, foi desenvolvido um método em que
se ancoravam profundamente pilares de madeira (estacas de madeira de 10 m de
comprimento por 10 cm de diâmetro), revestidas por materiais de origem
vulcânica, o que acabava tornando-se uma fundação sólida. No topo desses
pilares eram erguidas as paredes.
Inicialmente, o transporte entre a ilha onde se localizava Tenochtitlán e o
“continente” era realizado por canoas. Porém com o aumento populacional e a
necessidade de transporte de matérias de construção, fora criado um complexo de
elevados, os quais ligavam a ilha ás províncias continentais. Eram construídos
á partir da fundação de duas fileiras de pilares semelhantes aos das
construções, com o preenchimento de terra e pedra no vão formado por elas.
Nesses elevados haviam pontes levadiças.
O centro da cidade fixou-se sobre a parte rochosa da ilha, onde encontravam-se
a pirâmide de Tcocali e os santuários gêmeos de Uitzilopochtli e de Tlaloc,
além de uma grande diversidade de santuários dedicados aos deuses, casas de
oração, o calmecac (monastérios-colégios), e diversos palácios edificados por
diferentes imperadores. O destaque vai para o Palácio do Imperador Montezuma
II, com aproximadamente 200 metros de lado, com um conjunto de prédios, jardins
e canais, onde funcionavam escritórios de coletores de impostos, tribunais,
salas de reunião, depósitos do tesouro, apartamentos e residência do imperador,
além de ser o centro político-administrativo do império. Ainda no palácio
encontrava-se um zoológico, com jaguares, pumas, aves de rapinas e serpentes de
chocalho.
A cidade era dividida em quatro grandes bairros: a leste, Teopan ("o
bairro do templo"); a oeste, Aztacalco ("casa das garças
reais"), o bairro da nobreza; ao norte, Cuepopan ("lá onde
desabrocham as flores") negociantes e artesãos; ao sul, Moyotlan
("lugar dos mosquitos"). Os canais da cidade facilitavam o
transporte, que era feito todo por meio das embarcações. Além disso, possuía um
mercado, onde compareciam por dia cerca de 20 a 30 mil pessoas e por onde
enormes quantidades de mercadoria eram trocadas: tecidos e vestimentas, plumas
e jóias, peles e plumagens, milho, vagens, pimentas, legumes, frutas e ervas,
pássaros e caça, peixes, rãs vasos, utensílios de sílex, obsidiana e cobre,
madeira, tabaco e cachimbos, móveis e esteiras. Também existiam lojas de
boticário, cabeleireiros e vendedores de milho. Uma polícia especial garantia a
ordem no mercado e um tribunal estava permanentemente a posto para resolver os
conflitos.
No início do povoamento, a água potável vinha das fontes que brotavam entre os
rochedos da ilha. Porém com o aumento populacional, novas fontes se tornaram
necessárias. Num primeiro momento, a água é transportada através de vasos de
cerâmica em canoas, que os embarca nas províncias e os leva para Tenochtitlán.
Devido ao aumento populacional houve um aumento na demanda por água potável, o
que tornou necessário uma solução mais técnica e eficiente, com vistas a
solucionar o problema da falta de água potável. Nesse contexto, a solução
encontrada foi à construção de aquedutos. Foram construídos dois canais com
cinco quilômetros, com 1,5 metro de altura e 1 metro de largura. A água agora
jorrava em reservatórios públicos, e era distribuída a população.
De tempos em tempos terríveis enchentes devastavam Tenochtitlán, já que a
região dos lagos não possuía rios que permitissem o escoamento da água, o que
fazia com que as águas das chuvas se acumulassem nos lagos e invadissem a cidade.
O problema só foi resolvido em 1449, sob o reinado de Montezuma I, com a
construção de um dique com 16 Km de extensão, de uma margem á outra do lago.
Esse dique fora construído usando junco, tronco, pedras e terra e tinha em
torno de 4 metros de altura por 9 metros de largura. Além disso, fora feita
comportas de madeira, para controlar o nível de água represada.
Nas cidades ainda podia se observar a presença de trabalhadores, coordenados e
organizados pelas autoridades locais, com intuito de limpar canais e aquedutos,
assim como as ruas. A partir daí, podemos dizer que os padrões de higiene da
cidade asteca eram mais avançados, se compararmos com o padrão das cidades
européias da mesma época.
Organização & Administração
No ano da invasão espanhola, 1519, a região que conhecemos como
Império Asteca compreendia 38 províncias, entre as quais Atlan (um distrito
militar) e Xoconocho (distrito militar, em território de língua maia, nas
fronteiras da Guatemala). Seu território não era contínuo, havendo pequenos
estados independentes, que mantinham relações amistosas com os astecas. Estes
pequenos enclaves, não pagavam tributos ao Império, porém concediam o livre
direito de passagem aos comerciantes, militares e funcionários do governo, para
evitar conflitos com os astecas.
Enquanto isso, outros estados defendiam de forma feroz sua autonomia e
independência. Era o caso, por exemplo, do organizado Reino de Michoacán. O
Império precisava defender-se constantemente deste, e isso, incluía uma base de
defesa na província de Tepequacuilco com as tropas mantidas em prontidão, para
a proteção contra qualquer ataque. As localidades com guarnições militares, não
pagavam tributos ao Império, porém era de sua responsabilidade cobrir os custos
de manutenção das tropas.
No que diz á respeito á impostos e tributos, estes eram recolhidos pelos calpixque
de uma á quatro vezes por ano, dependendo da localidade e condições
geográficas, de fauna e flora era pago em gêneros como tecidos de algodão,
cereais, grãos oleaginosos, ouro em pó, cacau, cobre, objetos de luxo,
turquesas, plumas de quetzal, madeiras, jóias, cogumelos alucinógenos, armas,
peles de jaguar, tintas, etc. Inicialmente os tributos eram divididos: 2/5 para
Tenochtitlán, 2/5 para Texcoco e 1/5 para Tlacopan. Os calpixque eram os
responsáveis por manter os registros dos tributos em dia, além de sua
arrecadação e transporte. A ele cabia, em caso de não pagamento, o ordenamento
de cultivo nas terras da província e o encaminhamento dos produtos ao México.
Havia um calpixque em cada província. As leis astecas eram severas com os
funcionários que desviassem tributos, ou os usasse em benefício próprio, punindo-os
com a pena de morte, e a confiscação de seus bens.
As
cidades conquistadas ou submissas ao Estado Asteca, mantinham inalteradas suas
formas de governo, poderes autônomos e suas dinastias locais. Estas eram
forçadas a renunciar uma política externa e militar independentes, além de
admitir em seus domínios o culto à divindade asteca Uitzilopochtli. Em
localidades estratégicas, coexistia com o chefe local, o Governador Asteca, com
funções exclusivamente militares.
Montezuma ou Moctezuma II - Soberano Asteca
O “Império Asteca”, representado e comandado por Tenoctitlán, estava
estruturado segundo o modelo tolteca. Neste caso, o poder pertencia á um chefe
saído da aristocracia militar, eleito vitalicialmente no seio de uma mesma
família (o que chamamos de dinastia), o qual era assistido por um conselho.
Durante os primeiros reinados, o soberano era eleito pela Assembléia Geral dos
Guerreiros. Porém, com o decorrer do tempo, esse colégio eleitoral formado
pelos treze dignitários supremos (os mais altos funcionários da hierarquia),
representantes do Grande Conselho, guerreiros, sacerdotes, representantes do
bairro, caiu sobre o controle da oligarquia militar e sacerdotal. Do primeiro
soberano, Acamapichtli até Motechuzoma II o poder esteve
ininterruptamente no seio da mesma família, isso é, todos pertenceram á mesma
dinastia.
Entre 1440 e 1469 os astecas estiveram sob o comando de Motechuzoma I. Este
nomeou seu irmão Tlacaeleltzin, o ciauacoatl, uma espécie de
vice-imperador, com praticamente as mesmas funções do tlatoani (imperador):
comandava expedições militares, julgava apelações, substituía o imperador
ausente, entre outras funções, esta fora uma medida inovadora na época.
Na estrutura administrativa destacava-se a presença de quatro grandes
dignitários, entre eles o tlacateccatl (“chefe dos guerreiros”) e o tlacochcakatl
(encarregado da “casa de dardos”). Estes altos postos eram ocupados por
parentes próximos do soberano, que poderiam ser chamados para substituí-lo.
Como exemplo, podemos citar Motechuzoma II, que fora tlacochcakatl de
seu pai, Auitzolt. Além disso, havia um escalão de altos funcionários
responsáveis pela guarda de celeiros e armazéns onde se empilhavam tributos.
No que diz respeito ás decisões importantes do imperador, este decidia após
consultar o ciuacoatl, seus dignitários e seu grande conselho. O tlatocan
(Grande Conselho) poderia rejeitar até três vezes uma proposição do imperador,
porém na quarta vez, deveria submeter-se e aceitar o que fora proposto pelo
imperador.
Na capital Tenochtitlán, havia o uey calpixqui, um cargo com funções
semelhantes ao de um prefeito. O uey calpixqui ainda acumulava a função de “Ministro
das Finanças” do imperador.
Há muita controvérsia sobre a forma de governo asteca. Alguns historiadores
levantam a tese de que se tratava de uma República, porém o mais aceito pelos
historiadores modernos é de que se tratava de uma Monarquia eletiva.
Em Texcoco, o tlatoani era assessorado por quatro grandes conselhos:
Governo e Justiça, Finanças, Guerra e Música e o trono era hereditário, sendo
passado de pai para filho. Com o tempo o poder militar, econômico e político do
Império concentraram-se nas mãos do soberano de Tenochtitlán e de seus
dignitários. Nesse contexto Texcoco, passou a ser a capital intelectual e
literária, sede do Tribunal Superior de recursos, que se reunia a cada oitenta
dias.
“Chinampas”: A avançada agricultura Asteca
Inicialmente em Tenochitlán, as terras eram escassas, pois
tratava-se de uma região pantanosa. Para resolver o problema, os astecas
desenvolveram uma técnica de “construção” de ilhas artificiais para o cultivo
de gêneros. Eram as chinampas. No vídeo abaixo, de forma prática, explica-se o que eram as chinampas:
Na verdade tratava-se de um canteiro flutuante,
construído com toras de madeira e presos ao fundo do lago com pesadas pedras.
Para o preenchimento desse canteiro, era utilizado lama e galhos do próprio
lago. As chinampas eram extremamente produtivas, uma vez que poderiam render de
cinco á sete colheitas por ano, enquanto, uma plantação na região dos vales,
rendia no máximo três. Nestes canteiros eram cultivados o milho (principal
alimento do cardápio asteca, consumido em bolos, cozidos e pãezinhos), vagens,
plantas oleaginosas (sálvia e amaranto, muito usadas para fazer mingaus),
abóbora, tomate, pimenta e feijão.
Teria sido essa agricultura próspera, bem mais avançada que a européia
do mesmo período, um instrumento que impulsionou a expansão das fronteiras do
Império, principalmente por manter uma grande reserva de gêneros e um exército
bem alimentado?
Ciência X Religião ou Ciência +
Religião
Enquanto na Europa Ocidental tentava-se
dissociar religião e ciência, misticismo e experimentalismo, na civilização
asteca ocorria exatamente o contrário. Ciência e religião eram intimamente
ligadas, pois os sacerdotes representavam justamente a camada mais erudita da
sociedade, não estando ligada ao trabalho nem as guerras.
No campo das ciências exatas, os astecas
assimilaram muitos conhecimentos de outros povos antigos do México, um dos
exemplos clássicos foi á utilização de um calendário bem parecido com o dos
antigos maias, baseado na observação dos astros, o que gerava bastantes crenças
astrológicas na população. No que se refere á engenharia, a construção de
aquedutos e diques, mostram a notória habilidade de construção desse povo. Na
matemática, possuíam um curioso sistema de numeração: três símbolos – uma
concha, um ponto e um traço – com os quais poderiam representar quaisquer
números, possuindo uma noção de zero.
Ao que tange a crença e aos deuses, o
panteão asteca era constituído desde deuses essencialmente astecas, quanto de
deuses incorporados de outras culturas vizinhas. Inicialmente, o deus principal
era Quetzalcoatl. Estudos mais recentes levam á crer, que a religião asteca
caminhava lentamente para o monoteísmo, visto que as divindades cada vez mais
se reuniam em uma só: Uitzilopochtli.
Como em outras culturas antigas, os
astecas conviviam com o medo do fim do mundo, que poderia ocorrer ao final de
cada ciclo de 52 anos: O quarto sol. Segundo as crenças astecas, o mundo já
teria acabado outras três vezes. Após o terceiro fim, foram recriados graças a
bondade de Quetzalcoatl, que resgatou os ossos dos mortos do “inferno” e os
regou com o próprio sangue e governou entre eles. Quetzalcoatl foi expulso de
seu trono por Tezcatlipoca, e mandado para “Tlillan Tlapallan” (“país vermelho
e preto”, além do oceano oriental, ou seja, Oceâno Atlântico) de onde prometeu
voltar.
Para evitar o “quarto sol”, a cada 52 anos
realizava-se a cerimônia do Fogo: o sacerdote sacrificava um prisioneiro. Na
cerimônia abria-se o peito do prisioneiro, e com ele ainda vivo, pressionava-se
uma tocha acessa no interior do indivíduo, quando a tocha se apagava dava-se
início ao “fogo novo”. Seguia-se a cerimônia, a construção ou ampliação do
templo, como forma de agradecimento e gratidão por mais 52 anos de existência.
Cerimônias religiosas de sacrifícios humanos eram comuns em várias circunstâncias
no cotidiano dos astecas. O sacrifício era recompensado pelos deuses na
além-vida, voltando a terra como beija-flores ou colibris.
As Artes
Muitas formas de artes se desenvolveram na
sociedade asteca. A capital cultural do Império era a cidade de Texcoco,
governada por Nezaualcoyotl, que reinou entre 1428 e 1472. O famoso governante,
é considerado o maior intelectual da história do Império.
As esculturas, ligadas fortemente ao
artesanato, produziam representações desde divindades domésticas até esculturas
em paredes, tais como jaguares e águias, feitas por artesãos de origem tolteca.
Em plena Idade de Bronze os astecas
conheciam e dominavam a forja de diversos metais, porém o ferro ainda não era
conhecido. Nesse contexto, observava-se um grande desenvolvimento da
ourivesaria, a qual deixou os espanhóis abismados. Plumas eram incluídas na
ourivesaria e determinava á condição social de quem às ostentavam.
A escrita asteca era hieroglífica
(semelhante a egípcia), sendo as letras representadas por símbolos que
indicavam determinadas coisas. Quando os espanhóis chegaram na América, a
escrita estava em evolução, transformando-se numa escrita sonora, mais ainda
hieroglífica.
A literatura asteca era marcada por poemas,
com situações cômicas, trágicas ou amorosas. A vida dos governantes eram
freqüentemente retratados pelos poetas. Ligados ao teatro, muitos eram escritos
para serem representados por atores a membros das classes mais privilegiadas.
A dança era praticada acompanhada ao som de
musicas escritas pelos poetas e acompanhadas por diversos tipos de tambores,
flautas, trombetas, conchas, reco-recos e guisos.
Sociedade:
Durante os primórdios da civilização
asteca e ao se fixar no Vale do México, seu povo apresentava-se como uma tribo
homogênea e igualitária, formada essencialmente por guerreiros e cultivadores,
que reconheciam os sacerdotes como os únicos líderes. Porém sob a influência
política e cultural dos povos vizinhos, assim como de seus povos conquistados,
a sociedade asteca se tornou amplamente hierarquizada.No apogeu da civilização asteca, a base de
sua pirâmide social era constituída pelos escravos (tlactli, sendo sua forma
plural: tlatlacotin), a classe mais baixa da sociedade. Essa camada era
constituída por prisioneiros de guerra destinados a sacrifícios nas grandes
cerimônias; condenados pela justiça civil (os quais não cumpriam prisão, e sim
eram obrigados a trabalhar para a coletividade ou para pessoa que haviam
prejudicado). Haviam casos em que homens e mulheres vendiam-se voluntariamente
como escravos á um grande senhor, principalmente por terem arruinado-se em
jogos e em bebidas. Porém os escravos astecas não eram açoitados, e eram bem
nutridos e vestidos. Podiam desposar uma mulher livre e seus filhos nasciam
livres. Podiam ser libertos a qualquer hora, seja por testamento do senhor,
seja por pagamento de alforria, e de tempos em tempos, o Imperador decretava a
libertação em massa desses escravos.
Acima estavam os maceaultin, os simples
cidadãos, a maior camada da sociedade. Á eles cabiam prestar serviço militar,
pagar impostos e não podia negligenciar o trabalho coletivo, como as
conservação de caminhos e canais, a construção de monumentos, diques. A partir
do seu casamento, geralmente entre os 20 e 25 anos, recebiam do Estado um lote
de terra para construir sua casa e cultivar seus gêneros. Quando alcançava
idades mais avançadas, podiam integrar um conselho que se reunia em torno do
chefe local. Seus filhos estudavam nas escolas do bairro. Recebia gêneros
alimentícios e vestimentas do soberano, seja em períodos regulares, seja em
períodos de escassez e inundações ou outras calamidades. A sociedade asteca
pressionava os homens a carreira militar, o que os abriam caminhos para postos
mais altos e elevação de nível social. A hierarquia militar era determinada
pelas façanhas que cada qual conseguisse realizar: a captura de inimigos e
prisioneiros para o sacrifício, e outros méritos. A ascendência a uma nova ordem
militar, significava também o direito de usar novos tipos de vestes e adornos.
Uma parte dos comandos, logo abaixo do imperador, era reservada para os
guerreiros mais experiente e valorosos. Os que chegavam ao fim da vida militar,
geralmente terminavam a vida ocupando algum cargo público. Outra forma de
ascensão social era a ocupação de cargos sacerdotais de vários níveis, que
podiam ser ocupados tanto por homens, quanto por mulheres.
Os artesãos possivelmente descendentes dos
toltecas. Incorporados pela sociedade asteca, esses artesãos transmitiam seu
ofício de geração em geração, sendo a camada mais imóvel da sociedade. Pagavam
impostos ao Estado e não estavam submetidos ao trabalho coletivo como os
cidadãos comuns.
Enquanto o pequeno comércio estava nas
mãos dos maceaultin, o comércio exterior, especialmente o de artigos de luxo,
estava nas mãos de poderosas corporações, denominadas pochteca. Representavam a fortuna privada na sociedade asteca e com
passar do tempo foram adquirindo prestígio e influência, porém não tinha acesso
ao poder político e a cargos públicos de destaque. Seu ofício era transmitido
de pai para filho, e possuíam um status intermediário entre a classe dirigente
e o povo.
No auge da sociedade asteca uma dupla
hierarquia dominava o poder político: os dignitários e sacerdotes.
Os dignitários eram senhores investidos de
poder civil, militar e judiciário. Estavam livres do pagamento de impostos e
não cultivavam a terra. Dominavam vastas extensões de terras, porem estas eram
cultivadas pelos maceaultin e escravos, que eram rendeiros. Mantinham um alto
padrão de vida: moravam em palácios, possuíam um corpo de servidores, escravos
e alguns funcionários, mantidos pelo erário público. Faziam a distribuição de
terras aos cidadãos comuns, aplicavam a justiça no contexto da negligencia das
terras e confiscavam as abandonadas. Alguns apontam essa classe como uma
nobreza, pois esses privilégios e funções tinham uma tendência a se
perpetuarem, uma vez que o cargo de dignitário era transmitido dentro do seio
de uma mesma família. Tinham representação no Grande Conselho, o qual escolhia
o imperador.
Na religião, os sacerdotes se dividiam
em diversos níveis, uns mais modestos outros de alto prestígio. Presos pelo
celibato, os sacerdotes controlavam os cultos e cerimônias e também a educação
dos filhos da aristocracia e grandes comerciantes em colégio denominados calmecac. Mantinham hospitais onde
cuidavam de pobres e doentes, além de serem responsáveis pela preservação de
documentos históricos. Possuíam vastas terras e recursos, frutos da devoção de
soberanos e particulares, e estavam isentos do pagamento de impostos. Levavam
uma vida monástica nos templos, expondo-se a jejuns e severas penitências.
Para não estender mais o assunto, irei tratar sobre a conquista dos Astecas pelos espanhóis em uma próxima oportunidade. Aos leitores, um grande abraço e até a próxima!
Referências:
A Civilização Asteca, Jacques Soustelle, Jorge Zahar Editora, 2002.
Tradução, Maria Júlia Goldwasser.
Os
Astecas, Judith Crosher, Editora Melhoramentos, 1998.
Críticas e sugestões...
caminhosdahistoria@hotmail.com