Chichén Itzá, Pirâmide de Kukulcán, eleita em 2007 em Lisboa, uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo.
Em evidência na mídia mundial nos últimos anos
devido a diversas interpretações míticas em torno do dia 21-12-2012, o qual foi
cercado de expectativa mundo afora, a Civilização Maia ainda exerce muito
fascínio em seus estudiosos, tendo o poder de despertar paixões e gerar
calorosas discussões acerca de teorias pouco ortodoxas, carecendo quase sempre
de comprovação científica. As hipóteses são diversas, desde aquelas mais
racionais até aquelas que relacionam o povo Maia a “antigos astronautas”.A Teoria
dos Antigos Astronautas, proposta pelo suíço Erich Von Däniken em seu livro
“Eram os Deuses Astronautas” de 1968, é freqüentemente utilizada como argumento
por aqueles que defendem relações entre os Maias e “antigos viajantes do
espaço”, baseados em representações produzidas nas cidades Maias. Rejeitada veemente
por cientistas e acadêmicos da área, essa teoria é sempre rechaçada de
pseudohistória.
A partir
de agora, embarcaremos numa viajem pelos confins da história pré-colombiana,
deixando tais teorias de lado, apoiando-se somente nos conhecimentos da história
moderna.
De onde vieram os Maias? Qual sua
origem?
Supõe-se pelas evidências arqueológicas encontradas, que essa
civilização tenha surgido há aproximadamente 3000 anos. Os povos
que constituíram o grupo maia, aparentemente, eram originários da região oeste
do atual Estados Unidos. A Civilização Maia ocupou territórios que vão
desde o sul do atual México (atuais estados de Chiapas, Tabasco) até a
Península do Yucatán em áreas da Guatemala, Belize, El Salvador e Honduras. Sua
história é freqüentemente dividida em três períodos:
a) Pré – Clássico (2000 a.C á 250 d.C)
b) Clássico (250 d.C á 900 d.C): Auge da civilização maia;
c) Pós-Clássico: Período de
decadência;
Os Maias: Uma sociedade
amplamente urbanizada
Os Maias constituíram uma sociedade amplamente urbanizada.
Suas cidades eram constituídas de grandes praças, com enormes palácios e centros
cerimoniais. Estruturadas em torno das praças, com a presença de templos
religiosos, palácios, casas, casas de banho e espaços para á pratica de esportes,
geralmente, elas se desenvolviam próximas a fontes de água, o que garantia o
seu abastecimento.
Organizados pelo
território em várias cidades-estados independentes, formados por volta doe 300
a.C, governadas por poderosos e influentes reis vistos pelo povo como homens de
atributos sobrenaturais. As constantes guerras entre as cidades estados,
marcadas por lutas sangrentas, evidenciavam a competição entre os reis. Nunca chegaram a formar um Império unificado, porém suas semelhanças culturais, religiosas e social, fez com que designemos Civilização Maia o conjunto de povos que habitavam a região dos atuais estados mexicanos de Chiapas, Tabasco,Quintana Roo , Campeche e Yucatán, estendendo-se por todo o norte da América Central, incluindo as atuais nações da Guatemala , Belize , Norte de El Salvador e oeste de HondurasNesse
período era comum o as alianças para exercerem o domínio militar sobre outras
cidades. As
principais cidades da civilização maia foram Tikal, Palenke, Calakmul e Chichen
Itzá. Um dos principais conflitos foi o envolvendo os
reinos rivais de Tikal e Calakmul. Calakmul fez alianças e montou um cerco a Tikal,
que mesmo assim em 736 venceu Calakmul. Nos anos seguintes, Tikal anexaria os
reinos vizinhos de El Peru (743) e Navanjo (744). Para simbolizar e representar
essa conquista, o rei de Tikal construiu o Templo do Grande Jaguar e o Templo
Quarto, este com 165 metros de altura e 22 andares, tendo sido necessário 190
mil metros cúbicos de pedra para sua construção. Estes monumentos tinham como
função indicar o poder do soberano, assim como seu prestígio, e era uma forma
de celebração das vitórias militares.
Um exemplo dessa organização pode ser
encontrado na cidade de Palenke, considerada pelos descobridores espanhóis
“Meca” da arquitetura americana. Ali, durante o ano de 615, ascendeu ao trono o
Rei Pacal. Como forma de legitimar e divinizar seu poder, Pacal declarou sua
mãe a encarnação do ventre da terra, a criadora de deuses e humanos e com isso
se tornou filho de uma deusa. O Rei Pacal é conhecido como O Grande Construtor,
pelas obras construídas durante seu reinado, como a ampliação do palácio real e
a construção do Templo das Inscrições. Nele ficava a Tumba de Pacal, onde o seu
corpo foi colocado após sua morte aos 80 anos de idade. Sua tumba rivaliza pela
grandeza com as pirâmides dos faraós egípcios, e durante o seu reinado
observou-se a criação de novos padrões arquitetônicos, com novas formas e
estruturas que substituíra aquela com arco de modilhão em forma de V, os quais conferiam
mais espaço interno nas construções. Seu filho, o Rei Kan Bahlam não só deu
continuidade as suas construções como aperfeiçoou suas obras, criando um
sistema de aquedutos que cortavam o subterrâneo de Palenke. Isso fez de Palenke
um centro fervilhante da cultura maia.
Ruínas de Palenke
Palácio Real de Palenke
As grandes construções maias representavam a grandiosidade e
o poder de seus reis. É importante ressaltarmos que nelas, os materiais de
construção eram muito rudimentares. Nas obras verificava-se a ausência de
bestas de cargas, e a não utilização de ferramentas de metais. Conheciam a roda
e os metais, porém estes entendiam que o trabalho teria mais valor se exigisse
muito esforço humano, isso explica a não utilização destas técnicas. A mão de
obra necessária a estes grandes empreendimentos, originava-se do pagamento
anual devido pelos cidadãos aos reis, semelhante á mita no Império Inca e ao cuatequil
no Império Azteca. Como matéria prima utilizava-se principal as pedras
calcárias, muito abundantes na região onde se desenvolveram. Após a estrutura
pronta, as construções eram revestidas pela estuque maia, uma argamassa que se
assemelha muito ao cimento.
Sacrifícios de uma Religião
Cerimonial
A Religião maia ainda não é completamente
compreendida pelos historiadores.Sabe-seque ela tinha uma forte ligação com os elementos
naturais, sendo associada aos ciclos terrestres. Em períodos que antecediam os
grandes eventos religiosos, era praticado um processo de purificação o qual
incluía jejuns e abstenção sexual. Os maias sacrificavam seres humanos e
animais, como forma de estabelecer e renovar suas relações com os deuses, sendo
que a vida e o sangue humano eram as coisas mais valiosas e sagradas á serem oferecidas
aos deuses. Acreditava-se que o sacrifício aos deuses, era um modo de
compensação pela divida humana contraída no momento da criação. Nestes eram comuns os casos onde os corações das oferendas eram arrancados
ainda batendo e exposto pelos sacerdotes como um troféu. O que podemos dizer é
que a religião maia era politeísta, ou seja, adorava uma série de deuses que
não se diferenciavam entre bons e maus. A forma de governo Maia, freqüentemente é entendida como uma Teocracia, onde religião e governo estavam fortemente ligados ou mutuamente influenciados.
Ruínas de Calakmul
Ruínas de Tikal
Os avanços matemáticos na civilização maia foram
notáveis. Estes desenvolveram o conceito de zero, bem antes de ser conhecido na
Europa, e com cálculos geométricos precisos e sofisticados propiciaram
inovações tecnológicas notáveis em suas construções, também utilizando também da
“razão áurea” (sistema de proporção), o que se suspeita, vem sendo utilizada há
séculos, sendo presente em construções como o Parthenon na Grécia e as
pirâmides do Egito. Em uma fase mais desenvolvida de suas construções
observa-se o emprego em larga escala da abóbada mísula, o qual o princípio
apresenta muitas limitações a amplitude do espaço interno.
Astronomia:
O Estudo dos Corpos Celestes
Assim como outros povos da Mesoamérica,
os Maias se sentiam atraídos e fascinados pelos mistérios do cosmo tornando
muito desenvolvido no mundo maia a astronomia. Para eles, os astros
representavam a vontade dos deuses, estabelecendo uma forte relação entre a
astronomia e a religião. Monitoravam as fases e os cursos de vários corpos
celestes, como a Lua e Vênus, previam eclipses com uma precisão espantosa, explicando
a presença de vários observatórios astronômicos nas cidades maias, os quais
eram construídos de acordo com a interpretação maia das orbitas das estrelas.
Possuíam um sistema de escrita, único entre os povos da América pré-colombiana
que podia representar completamente o idioma falado no mundo maia, com seu alfabeto,
constantemente chamado de hieroglífico, consistia na combinação de elementos
fonéticos e ideogramas. É nesse contexto que surgem os tão famosos Códices Maias, que retratavam temas como a religião e astronomia, sendo o mais importante o Códice de Desdren. A maioria desses manuscritos foram destruídos durante a invasão espanhola na região, o que dificulta os estudos sobre o período de florescência da cultura maia.
Ao longo do tempo desenvolveu-se um calendário dividido em ciclos de 52 anos,
que eram bem mais precisos que o calendário gregoriano europeu. O ano
astronômico ou solar possuía 365,24 dias, com 20 grupos de 18 dias e com cinco
dias adicionais, considerados profanos, e o calendário religioso o qual regia a
vida da “gente inferior”, as atividades agrícolas e as cerimônias religiosas,
possuía 260 dias, sendo dividido em 13 grupos de 20 dias. A cada 52 anos, os
dois calendários se encontravam no mesmo ponto de partida, determinando o fim
de um ciclo e o início de outro. Vista a necessidade de se administrar bem
esses cálculos, um sistema numérico simples e engenhoso fora criado, tendo por
base o número 20, reduzindo-se a utilização de somente dois tipos de símbolos,
um ponto para designar a unidade e uma barra para representar o cinco, assim
como uma concha alongada pra representação da noção de zero.
Maias:
Uma vida em Sociedade
A Sociedade Maia
constituía-se de uma forma que conhecemos como Estamental, ou seja, a mobilidade
entre classes era muito pequena e as vezes ausente. No topo da pirâmide social
estava o rei, que sempre governava em nome de um deus. De cargo hereditário,
passado de pai para filho, a ele cabia escolher entre os membros da nobreza os
altos funcionários do Estado, como o chefe do exército, o responsável pelo
recolhimento dos impostos, e o homem responsável pela aplicação das leis. Ainda no topo se encontrava os
sacerdotes, responsáveis pelos templos, pelas pesquisas astronômicas, pelos
tratamentos médicos e pelo ensino.
Na posição intermediária estavam os guerreiros, os artesãos
especializados na produção de objetos do culto ou artigos santuários e os
pequenos comerciantes.
A base da pirâmide social maia era formada pelos camponeses e pelos
trabalhadores das construções. Havia ainda os escravos, os quais eram
geralmente prisioneiros de guerra e/ou pagos como tributo pelas regiões
conquistadas. Como em toda sociedade, eram os camponeses e escravos que
sustentavam o Estado e a nobreza com seus privilégios. As terras pertenciam ao
Estado e os camponeses pagavam tributos para usá-las, caracterizando o modo de
produção asiático.
Econômia
A economia era baseada na agricultura, praticada nas terras do Estado.
O cultivo era feito pela forma rotativa de culturas e feito sem adubagem e sem
o emprego de técnicas que permitissem um melhor aproveitamento da terra, o que
esgotava o solo rapidamente, fazendo com que as terras tivessem de ser
abandonadas por alguns anos e forçando a derrubada de florestas para a abertura
de terras cultiváveis. Utilizavam queimadas para limpar a área a ser cultivada,
nos fins de abril, quando terminava a seca. Nos primeiros dias de maio,
semeavam a terra. Nos meses seguintes, os quais chuvosos, trabalhavam na
lavoura á fim de impedir o crescimento do mato e de ervas daninhas em meio a
plantação.A colheita era realizada entre os meses de outubro e novembro, sendo
época de comemorações e festividades. As observações astronômicas
garantiam-lhes melhores colheitas. Os principais gêneros cultivados eram milho,
feijão, abóbora, cacau, mamão, abacate, algodão e tabaco, além de possuíam uma
importante indústria lítica, com a produção de artefatos de pedra, que lhes
forneciam armas, enfeites e instrumentos de trabalho. Em regiões específicas,
como no nordeste de Belize, desenvolveu-se um modelo intensivo de agricultura,
tornando essa região um verdadeiro “celeiro” de milho, importando para as áreas
centrais da civilização maia, como a região de Tikal.
O
comércio era feito com base nas unidades troca, principalmente sementes de
cacau e sinetas de cobre. Isso permitiu o desenvolvimento de uma classe de
comerciantes, que vendiam e compravam os excedentes de produção. As trocas eram
intensas. Pedras vulcânicas vinham das montanhas maias da região sul de Belize,
com a finalidade de produzir-se metate,
que eram pedras utilizadas para moer o milho. Ainda sal, obsidiana (material
indispensável na manufatura de materiais cortantes), pigmentos minerais
destinados a pintura e a cerâmica, carapaças de tartarugas do mar, conchas,
pérolas do mar, plumas de aves tropicais eram objetos de intenso comércio na
região, criando uma rede complexa de trocas comerciais, integrando diversas
regiões ocupadas pelos povos maias. Havia ainda o cultivo de algodão e a
manufatura de tecidos ricamente bordados, estes por fim acompanhados pela
produção de artigos de luxo – estes consumidos somente pela camada “dirigente”
da sociedade maia – como por exemplo o cacau, consumido em forma de bebida.
Mas o
“Porquê” da chamada decadência Maia?
Este é um dos maiores
mistérios em torno dos maias. Variadas hipóteses são apresentadas, mas nenhuma
é unânime.
A teoria mais aceita defende a
partir de achados arqueológicos que aproximadamente no ano 900 da era cristã,
longos períodos de graves secas assolaram a região. A partir daí, a população
teria abandonado as cidades e se dirigido a regiões isoladas, onde esta
plantaria sem pagar impostos aos reis. Também acredita-se que rebeliões sociais
da população tenha acelerado a desintegração da civilização maia clássica.
Essas rebeliões deveram-se ao
enrijecimento da elite, por ela reter para si o poder e a riqueza por vias
hereditárias. Sugere-se que nesse período ocorrem invasões de povos vindos do
norte do México. Porém é importante colocar-se que a cultura maia não
desapareceu nem mesmo com a chegada dos espanhóis na região. Quando os
“conquistadores” espanhóis entraram em contato, com os povos da Península do
Yucatán e dos planaltos da Guatemala, já fazia seis séculos que a cultura maia
clássica havia perdido seu brilho maior, e entrado em decadência. A maioria das
cidades estavam em ruínas, sendo engolidas pela floresta tropical, ficando
completamente esquecida até 1839, quando o explorador americano John
Lloyd Stephen visitou algumas cidades em ruínas. As populações que ainda residiam nas cidades maias, ofereceram grande resistência á conquista espanhola, sendo a ultima cidade-estado maia subjugada somente em 1697.
Em áreas dos atuais: sul do
México, Guatemala e Belize, a maioria da população que vive em áreas rurais é
descendente dos maias, mantendo muitas de suas tradições, costumes e até mesmo
suas línguas. Em certas localidades, ainda observa-se as celebrações especiais
ao fim da colheita, como faziam os antigos maias. Nesses lugares estima-se que a comunidade Maia possua algo em torno de 6 milhões de habitantes, uns mais integrados as localidades em que residem, e outros mais isolados, inclusive falando seu idioma nativo, como primeira língua.
Quer saber mais? Nós indicamos...
Livro: A Civilização Maia, Paul Gendrop. Jorge Zahar Editora
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Boa tarde! vai ai 1 pergunta: Como é possivel compreender o deslocamento geografico da civilizaçao Maia?
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