domingo, 12 de maio de 2013

A Expedição de Cabral – Parte III: Da partida de Vera Cruz as Índias


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 Mapa de 1502, já mostrando a indicação da terra "recém-descoberta por Cabral

A viagem de Vera Cruz á Calicute

Nos dias que se sucederam a partida de Cabral da terra de Vera Cruz, possivelmente entre 2 ou 3 de maio, sua frota navegou ao longo da costa brasileira na direção sul por mais de mil quilômetros, só se afastando dela na altura de Cabo Frio, no atual Rio de Janeiro o que começaria a mudar a noção sobre o tamanho do território “recém-descoberto”. Daí em diante, navegando a sudeste, a frota de Cabral iria passar por uma série de infortúnios e desastres. No dia 23 de maio, nas proximidades do Cabo da Boa Esperança uma tempestade provocou pesadas baixas aos lusos: as embarcações de Aires Gomes, Simão de Pina, Luís Pires e Bartolomeu Dias – o mítico navegador que fora o primeiro a cruzar o Cabo das Tormentas - afundaram e junto delas quase 400 tripulantes foram engolidos pelo mar. Os navios que restaram se separaram no mar, se reencontrando somente no dia 16 de Julho na ilha de Quiloa, na costa do atual Quênia. Em fins de julho, os navios pararam para reparos nas proximidades de Sofala.De Sofala a frota foi para Melinde, onde aportou no dia 2 de agosto de 1500. Lá obteve do Xeque Omar um piloto hindu que lhes instruiriam até Calicute.
A nau de Diogo Dias não conseguiu se reagrupar a frota de Cabral e se tornou o primeiro navio europeu que se tem notícia a navegar no Mar Vermelho. Incapaz de atravessar até as Índias retornou á Portugal, chegando a Lisboa com apenas sete homens. O restante foi vitimado pelas doenças, pela fome e pela sede no mar.

Chegada a Calicute

Era 13 de setembro de 1500. Mais de seis meses após a partida de Lisboa, finalmente a frota de Cabral alcançava seu principal objetivo: as Índias. Durante três meses os portugueses permaneceram em Calicute, um opulento centro comercial, onde mercadores árabes negociavam a gerações. Os portugueses ficaram maravilhados com as riquezas que fluíam pela cidade indiana, e os hindus e árabes ficaram espantados com o estrondo das armas lusas. Em fins de setembro, por ordens de Cabral membros da elite religiosa de Calicute foram capturados e mantidos como reféns nos navios portugueses por ordens de Cabral. O Samorim de Calicute (“Senhor do Mar”) convidou Cabral para um encontro. Cabral entregou-lhe a carta de Dom Manuel que fora escrita  em árabe pelo fidalgo Duarte Galvão, além de presenteá-lo com moedas de ouro e prata, e seda. Bem diferente dos presentes baratos dados por Vasco da Gama. Satisfeito com os presentes que recebera, o Samorim deu permissão á Cabral para que ele instalasse feitoria no porto da cidade. Mas enfim isso não agradou em nada os concorrentes árabes.
No dia 16 de dezembro de 1500, a feitoria portuguesa foi atacada por cerca de trezentos árabes e hindus, causando a baixa de cinqüenta portugueses, entre eles Pero Vaz de Caminha e o feitor Aires Correa. A reação portuguesa foi imediata: Calicute foi bombardeada ininterruptamente por dois dias, causando muitas mortes e danos a cidade. Navios árabes no porto tiveram suas mercadorias confiscadas pelos lusos, foram incendiados e afundados e seus cerca de 600 tripulantes foram mortos. A revolta foi graças á sucessivas vantagens no comércio que os portugueses receberam do Samorim. 
Após o conflito os portugueses se dirigiram ao reino de Cochim ao sul, reino rival de Calicute. Lá fora permitido aos portugueses a instalação de uma feitoria.

A Volta pra Casa

No dia 16 de janeiro de 1501 com os navios abarrotados de especiarias e os negócios garantidos nas Índiasgats, Cabral retornava á Lisboa. Após atravessar o Oceano Índico a nau de Sancho de Tovar ficou encalhada num banco de areia. Vista a impossibilidade de resgatá-la foi incendiada. Em 22 de maio, desta vez sem imprevistos, a frota cruzava o Cabo da Boa Esperança.
Em 23 de junho de 1501, o primeiro navio da frota de Cabral aportou em Lisboa: a caravela Anunciada. Cabral chegou um mês depois em 23 de julho, sendo recebido pelo rei em seu palácio de verão em Santarém. Os navios que Cabral trouxera das índias renderam muitos lucros á Portugal, provocando alterações nos preços por toda Europa.
Mas uma vez o rei Dom Manuel vangloriou os feitos portugueses frente aos sogros e rivais reis Fernando e Isabel da Espanha. Á partir daí as viagens as Índias se tornariam freqüentes e anuais: era a “Carreira das Índias”

Referências Bibliográficas
BUENO, Eduardo – A vigem do descobrimento – Um outro olhar sobre a expedição de Cabral.
CAMINHA, Pero Vaz – Carta a El-Rei D.Manuel.
SALVADOR, Frei Vicente do – História do Brasil por Frei Vicente do Salvador.
PEIXOTO, Afrânio – História do Brasil.

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